domingo, 23 de fevereiro de 2014

Novo composto químico devolve sensibilidade à luz a ratinhos cegos



Cientistas conseguiram restaurar a sensibilidade à luz dos olhos de ratinhos cegos graças a uma substância, por eles desenvolvida, que permitiu que certas células da retina dos animais, que habitualmente não reagem à luz, passassem a fazê-lo. Os resultados foram publicados na revista Neuron.
As doenças degenerativas da retina, tais como a retinitis pigmentosa ou a degenerescência macular da idade, são causadas pela morte dos foto-receptores dos olhos – ou seja, das únicas células da retina capazes de captar a luz emitida pelo mundo à nossa volta. Actualmente, não existe nenhum tratamento capaz de inverter esta situação.
A retina possui três camadas de células nervosas e é na camada mais superficial que se encontram as células foto-receptoras (chamadas cones e bastonetes). E mesmo se o resto da retina permanece intacta, a perda dos foto-receptores faz com que os doentes percam a visão. A informação luminosa deixa de ser transmitida para a camada mais profunda da retina, onde se encontram outras células, ditas ganglionares, que normalmente enviariam essa informação para o cérebro.
Richard Kramer, da Universidade da Califórnia (EUA), e colegas já tinham inventado compostos químicos que, em condições de iluminação ultravioleta intensa, tornavam fotossensíveis as células ganglionares, que passavam assim a substutuir os foto-receptores perdidos e faziam com que ratinhos cegos voltassem a conseguir ver luz. E agora, fabricaram um novo composto, denominado DENAQ, que funciona com a normal luz do dia. Basta uma injecção do composto no olho para conferir sensibilidade à luz durante vários dias.
“Vão ser precisos mais estudos, em mamíferos maiores, para avaliar a segurança a curto e longo prazo do DENAQ e dos compostos relacionados”, disse Kramer à Neuron. “Isso vai demorar mais alguns anos, mas se conseguirmos provar que são seguros, estes compostos poderão um dia ser úteis para restaurar a sensibilidade à luz dos olhos de doentes humanos.” Porém, Kramer é prudente e acrescenta: “Quanto à questão de saber se conseguiremos devolver-lhes uma visão normal, ainda está em aberto”.

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